Por Andrew Santos.

Esta é a segunda edição do #SelosBrasileiros @ drumnbass.com.br.
Nesta entrevista, conversamos com Oliver Ferrer – A&R da LuvDisaster Records. Ferrer fala sobre os processos na seleção de repertório, marketing e tecnologia. Confira!

DNB: O filtro de um dj/produtor para saber o potencial de uma música é tocá-la na pista. Porém o número de eventos de drumnbass ainda é pequeno e não comporta uma quantidade grande de pessoas. Como é o seu processo de seleção e quais são as suas músicas mais vendidas?

Oliver: O processo de seleção das músicas é feito por mim e pelo meu sócio (e também DJ, Kleber Koiti). Nós recebemos tunes de artistas do Brasil e muitos de artistas internacionais, algumas tunes chegam também por indicação de artistas do selo. Selecionamos pelo nosso feeling, nem sempre todos os tunes que nós lançamos são pra pista.

Começamos o label focado no segmento do Liquid Funk, pois é uma vertente que temos maior gosto pessoal, tanto eu como o Koiti, e muitas vezes o tune não tem o apelo pra pista. Claro que a resposta de um público na pista é muito importante e realmente ainda temos poucas festas de DNB no Brasil, infelizmente, mas acredito que com o tempo, nosso ouvido foi ficando mais apurado para os sons que procuramos e com isso facilitou muito nossas escolhas, mas sinceramente se tivessemos mais festas seria muito mais legal.
Já estamos com 5 anos de estrada no label e isso nos trouxe uma ótima bagagem para selecionar os próximos lançamentos.

Um ano atrás criamos a subdivisão do selo LuvDisaster LTD, com tunes mais pesados, dark, pois percebemos que também poderiamos nos aventurar em outras vertentes já que o universo do DNB é muito grande. O primeiro lançamento foi o single do Drumagick (Give Yourself To Me). Percebemos que o público vai demorar um pouco pra consumir essa nossa nova vertente, pois trabalhamos muito mais com o Liquid, mas acredito que com o tempo o público entenderá nossa proposta. E por fim, as música mais vendidas são mesmo as que têm a proposta incial do selo, Liquid Funk. Não confio nos TOP 10 das lojas, como o Beatport por exemplo, até hoje não entendi muito bem como funciona, o que eu posso garantir é que não são as mais vendidas do selo em todo o tempo e talvez sim nos últimos meses.

DNB: Em um post em sua página pessoal, você alega que grupos e páginas de redes sociais não possuem interação, respostas e ações. Como todo empresário que precisa tocar seu negócio, você não pode parar de divulgar seu produto - talvez a estratégia para atrair pessoas não está dando certo. Não é hora de reutilizar velhos formatos? Que tipo de formato você utilizaria?
Oliver: Sim, me referia especificamente aos grupos do facebook, pois eles foram criados para discussões focadas nos assuntos, mas mesmo participando de mais de trinta, percebi que havia pouca ou nenhuma interação daqueles usuários. Isso se tratando do facebook, a rede social que hoje está mais ativa.

Percebemos que o facebook, só funciona mesmo na base do pagamento, se você pagar para ter views e clicks, a coisa funciona melhor, não como eu esperava, mas funciona. Os velhos formatos, por incrível que pareça, são os tipos de mídias mais caras atualmente, revistas, rádios e jornais têm um custo muito alto, até alguns sites internacionais focados no segmento, têm um custo exorbitante comparado ao resultado que eles podem proporcionar, por isso nunca investimos. Resumidamente, ainda não encontrei a mídia ideal para promover, talvez a soma de pequenas ações em redes sociais, suporte de rádios on-line, top chart de artistas entre outros, são os mais importantes hoje para nós no selo.

Nós promovemos nossa música aos nossos fãs com nosso mailing, através de nossa página do facebook, obviamente integradas com outras redes sociais como twitter, soundcloud, instagram etc e também através do suporte de artistas que tocam em rádios e em grandes festivais pelo mundo. Quando estive na europa em agosto deste ano, conheci muita gente que já conhecia o selo e eu nem imaginava isso, encontrei pessoas aleatórias nas cidades que visitei e fiquei muito surpreso com as boas respostas. Ainda este ano, criei a rádio DNBNOW.com para abrir mais espaço no mercado de rádios on-line no segmento e para os artistas poderem mostrar o seu trabalho. Utilizamos a rádio também como meio meio de divulgação, assim como também produzimos a festa Monsters of Drum and Bass, que começou em 2010, buscando alavancar o mercado de festas no Brasil, coisa que já começou a mudar este ano.

DNB: Utilizando ainda a sua atividade nas redes sociais, tem um ótimo workshop ministrado por você na BanEMC. No geral, temos bons DJs com péssimo marketing pessoal e vice-versa. Qual seria o melhor caminho para o DJ iniciante: apostar na técnica para criar uma identidade musical ou na imagem pessoal, para divulgar melhor o seu trabalho?
Oliver: Hoje em dia o mercado nos exige muito mais, acho que a união de toda e qualquer força valha a pena. Como profissional de Marketing, acho que os pontos que ressaltei no workshop são vitais para um artista. A concorrência é muito grande, não só no segmento, mas em geral, o que realmente dificulta ainda mais a vida de qualquer artista. Seja ele grande ou pequeno, ter uma identidade, um website, participar ativamente de redes sociais, vender e viver sua atitude são pontos muito importantes. A identidade musical é uma característica que se tem com o tempo, então só o tempo dirá se a sua funciona ou não, acreditar sempre, desistir jamais! Muitos começam copiando e não acho um erro, acho um ponto de início, pois tenho certeza que se ele continuar com o tempo, sua identidade virá à tona!

DNB: A tecnologia atual facilitou o acesso à programas e deu a possibilidade de todos expressarem a sua mensagem musical. Consequentemente, a quantidade de músicas no mercado aumenta e a qualidade do trabalho autoral diminui. Qual a sua opinião sobre isso?
Oliver: Concordo, porém isso abriu novos horizontes para os consumidores. Ficou muito mais difícil selecionar as músicas se você pesquisa por sites de venda de música, mesmo assim, acredito que abrindo oportunidades, novas experiências acontecerão como ponto positivo. O próprio mercado digital exige de selos um número de lançamentos semanal ou mensal, isso é um ponto importante a ser questionado, pois as próprias lojas criaram esse mercado de quantidade. Com a chegada do iTunes e Beatport, a coisa mudou completamente, é uma pena, mas tento sempre ver essas coisas como pontos positivos, faz parte da evolução. Porém os famosos “TOP 10 “ destes sites não são referências musicais pra nós, pesquisar e buscar o conhecimento não faz mal a ninguém.

DNB: Assim como eu, você também vem de outros segmentos musicais, como house e techno. Como é enxergar o DrumnBass atualmente e o que você imagina para o estilo em médio/longo prazo?
Oliver: É difícil prever o futuro, mas por experiência no backstage da música, vejo hoje o Drum and Bass como uma vertente sólida. Há quem pense que o estilo está enfraquecido, mas no geral, se você analisar, tem muita gente ganhando dinheiro com o Drum and Bass por aí. O maior problema é que a quantidade talvez não reflita na qualidade e passa essa impressão negativa, mas isso está acontecendo em todas as vertentes da e-music e acredito ser uma questão de evolução que temos que nos adaptar com o tempo.

DNB: Um Top 5 da LuvDisaster é necessário. Faça o teu, Oliver!
Oliver: Muito difícil assumir um TOP 5 do selo. São tantas músicas, mas pelo gosto pessoal, nunca desmerecendo ninguém, tendo que optar apenas por cinco, e não em ordem, essas são músicas que me marcaram com o selo:

- Andrezz - He Come Around (Orig Mix)


- Undersound - You Dont Understand (Orig Mix)


- DJ Chap - Its Seems Im Never (Orig Mix)


- Imagery & Deeper Connection - Dont Let Me Go (Orig Mix)


- Dave Shichman & Dave Owen - Tight Polite (Orig Mix)


Se quiserem conhecer mais de nosso trabalho, visitem luvdisaster.com, lá está sempre atualizado com as novidades dos artistas e dos releases.

Para fechar o ano em grande estilo, também estamos disponibilizando este mês, uma música produzida pelo Oliver Ferrer para Free Download.

Oliver Ferrer - I Need Attention


Super obrigado. Um super abraço.