Por Drumnbass.com.br

Produtor brasileiro Oliver Ferrer, lança seu primeiro álbum autoral repleto de musicalidades e temperos.

Nesta entrevista, Oliver nos conta alguns detalhes de coo foi a construção deste projeto.

Confiram:

Drumnbass.com.br: Oliver, sabemos que criar um álbum não é fácil, existem muitos detalhes e até mesmo o momento pessoal em que o artista se encontra para conceber um álbum autoral. Diante disto, conte-nos como nasceu a ideia de criar o LPe qual o objetivo a ser alcançado.

Oliver Ferrer: Primeiramente gostaria de agradecer pela oportunidade da entrevista, pois é bem bacana, para nós artistas, poder expressar nossos pensamentos além da produção das músicas.
Realmente produzir um álbum é algo muito complexo e depende muito também do momento que estamos vivendo, como eu tive meu primeiro filho em janeiro de 2017, me senti muito inspirado em produzir um material mais dedicado, e como nunca tinha feito um álbum antes, achei que era o momento certo de produzi-lo. Estou produzindo música eletrônica há mais de 20 anos, comecei no Drum and Bass em meados de 2007, pois antes produzia basicamente House e Techno, isso na música eletrônica, pois desde os 15 anos de idade trabalho com música, tive bandas de rock, era guitarrista solo e produzia já algumas coisas naqueles velhos tempos. Quando conheci o DJ Koiti ele me mostrou o liquid funk, e foi paixão à primeira ouvida! O House e o Techno foram minhas influências maiores na produção da emusic, mas estava cansado pois não chegava nas ideias que eu tinha em mente, além disso, o liquid funk permite muito o uso de vocais, instrumentos orgânicos e mais melodias que casam perfeitamente com a vertente, isso me deixou muito animado.
Estando muito inspirado com meu filho, mesmo sem ter muito tempo para ficar no estúdio, as coisas começaram a fluir muito bem, então comecei a me dedicar a produção do álbum sem me preocupar com o tempo que iria levar. Eu já estava passando por uma fase pouco produtiva musicalmente com poucos releases lançados nesta época e me dedicando muito mais a minha marca de roupas que iniciei em 2015, então deixei rolar e fui produzindo conforme as ideias vinham chegando.
O meu objetivo com o álbum foi contar uma história, que começou com a construção da minha família, e o título, Changes, que significa mudanças, veio a calhar quando já estava finalizando o álbum na seleção final. Vieram vários nomes a cabeça, mas esse era o nome perfeito pra o projeto. Cada faixa leva um nome de uma fase na qual passei por estes últimos anos, e faz total sentido pra mim, algo não muito planejado, mas que foi vindo à tona no decorrer das produções.
Passei por muitas mudanças, não só pelo fato de virar pai, mas tive momentos pessoais muito conturbados, mudanças de hábitos e minha reflexão começou a ficar cada vez mais profunda. Isso tudo colaborou para a criação do álbum com certeza.

A coisa mais bacana de produzir um álbum é você poder utilizar outras sonoridades e vertentes, mostrando também outras faces da sua produção. Apesar da maioria das faixas serem da vertente do Drum and Bass, consegui colocar algumas vertentes que tenho como produtor, que ainda adoro muito produzir, que são as faixas: Not My Money, All The Way, Mr. Donut e Illusion.


Drumnbass.com.br: Em Changes, você conta com as participações de DJ Patife, Darrison, MC Astro e DJ Koiti, eram nomes que você já tinha em mente ou foram surgindo durante a criação do LP?

Oliver Ferrer: Foram pessoas que estavam próximas enquanto estava produzindo o álbum, e que de alguma forma, puderam participar do projeto. Eu estava com o tempo muito escasso para contar com mais colaborações, e a maioria dos artistas tem um tempo limitado e senti muita dificuldade em ter mais nomes nas produções. De certa forma, sou um produtor que adora trabalhar com samples, apesar de criar muitas coisas com sintetizadores, eu tenho um banco de samples extenso de vocais, e gosto de “brincar” fazendo testes com diversas vozes destes packs, e assim, na maioria consigo resolver minhas ideias. O Koiti além de meu sócio no selo é um dos parceiros mais presentes nas minhas produções, ele foi uma das minhas referências que me ensinou muito do que conheço hoje no Drum and Bass, o Patife é um irmão, um dos DJs que mais admiro pela sua personalidade e gosto musical. O Darrison esteve no Brasil e tive a oportunidade de conhece-lo, mas na realidade, o vocal dele, é de um pack de samples que ele fez muito tempo atrás. Quando ele esteve em meu estúdio, mostrei a track pra ele já pronta, ele gostou muito e assim ficou sem alterações. O único que cantou exclusivamente para mim foi o Denzil, MC Astro, americano muito gente boa que foi uma indicação do MC T.R.A.C. Ficamos amigos pelo facebook, mostrei a ideia, ele adorou, fez o rap em cima da track, que era minha idéia, já que a faixa Slowing Down já tem um vocal de uma mina, que também é de um pack de samples. Gostei muito de trabalhar com ele, um cara bem autêntico e deu uma sonoridade incrível e especial a música. O resultado ficou bem bacana, que até me inspirei para produzir um vídeo clipe. Pedi pra ele gravar o video nos EUA ele cantando e depois finalizei a edição aqui no Brasil.



Drumnbass.com.br:Agora falando um pouco da parte comercial, sabemos o quão concorrido é o mercado, repleto de lançamentos diários, diante deste cenário como posicionar o LP no mercado?

Oliver Ferrer: Eu não tenho tanta preocupação com o mercado comercial, pra mim como produtor é muito mais importante ter uma aprovação de um grande artista que admiro do que números em vendas de música. Como não vivo exclusivamente da música, apesar de fazer um trabalho profissional, me preocupo mais em fazer um trabalho autêntico e inspirador que passe sempre uma boa mensagem. Quando tive meu release lançado pelo selo do DJ Marky, a Innerground Records, fiquei muito feliz, pois é um DJ que admiro muito e ainda uma excelente pessoa que tive o prazer de conhecer. Com certeza, esse feedback é muito mais importante do que números, pois o trabalho comercial é algo muito mais focado em resultados de vendas, com inúmeras ações e tendências, que não é definitivamente meu objetivo. Inclusive as duas faixas que estão no release da Innerground eram faixas do meu álbum. Quando estava finalizando as faixas, enviei pra ele, e quando fui na casa dele ele pediu para assinar, junto com a Looking for Someone. Eram faixas importantes do álbum, mas com um pedido desses é difícil de negar né? Ai tive então que me dedicar para recompor estas faixas e finalizar o álbum com novas ideias, o que por sorte, rolou naturalmente.

Drumnbass.com.br: Um fato curioso agora, você lançou Changes pela LuvDisarter, gravadora na qual você é o líder, o número de catálogo é o “LUV0100”, foi coincidência ou foi algo premeditado?

Oliver Ferrer: Foi meio que premeditado como coincidência, pois o número estava próximo, e tinha reservado este número de catálogo para o lançamento de comemoração de 10 anos do selo. Temos um projeto em andamento de uma compilação mixada que iria ser o LUV0100, mas como não conseguimos finalizar em tempo, acabei decidindo colocar meu release nesta numeração.

Drumnbass.com.br: Oliver, outro fato sobre você que vale destacarmos, é que você não é apenas o produtor do LP, mas também o criador desta maravilhosa arte e de outras já lançadas anteriormente, conte-nos como foi o processo de criação desta capa e sobre essa outra empreitada que você se dedica.

Oliver Ferrer: Sim, minha profissão principal sempre foi Designer Gráfico, tive agências de criação por muito tempo, mas de 4 anos pra cá, me dediquei a abrir uma marca de roupas (www.hoshwear.com) onde consigo colocar minhas ideias nas criações das peças, então de certa forma continuo na minha área, porém agora mais focado no segmento do comércio do que no da prestação de serviços.
Essa capa simboliza a fé, um sentimento que venho trabalhando e alcançando cada vez mais, a ideia inicial era uma foto minha nesta posição agradecendo e orando, mas acabei optando pelo desenho e essa arte com rabiscos traz um conceito mais moderno que me deixou muito satisfeito. Não sou uma pessoa religiosa, mas acredito em Deus e tenho fé, não posso acreditar que o mundo é só matéria, com certeza tem algo a mais que talvez um dia iremos descobrir.
Gosto muito de produzir capas, acho um produto muito interessante onde podemos expressar de várias formas a arte. Tenho feito algumas artes para o selo do Marky, a Innerground e alguns outros projetos de amigos quando tenho tempo.
Além disso usei toda minha expertise para a criação do selo em 2008, a LuvDisaster Records (www.luvdisaster.com.br), pois via um mercado relativamente “pobre” de imagem na música eletrônica, com capas pouco trabalhadas, sites simples demais, via pouca dedicação dos selos nesta área. Com essa oportunidade, decidimos abrir o selo e dar uma “cara” mas profissional para as capas, trabalhando com novos talentos e os instigando a produzir, já que poucos selos nesta época estavam trabalhando no segmento. Nossa ideia com o selo foi alavancar a produção nacional, que tinha pouco espaço para novos talentos, e somando essa característica profissional, conseguimos alavancar muitos nomes que estão hoje se consolidando no mercado mundial.


Drumnbass.com.br: Voltando a LuvDisaster, o que podemos esperar do selo em médio e longo prazo?

Oliver Ferrer: A LuvDisaster continua firme e forte, nos últimos três anos tivemos poucos lançamentos devido a fase que passei nessa nova empreitada que me tirou praticamente todo o tempo para me dedicar a ela. Acredito que o selo já fez um trabalho bem legal, hoje vejo quantos bons produtores estão no mercado, e saber que, de alguma forma, fizemos partes desta história, já nos deixa muito satisfeitos. Estamos sempre buscando novos produtores, pois a ideia do selo é sempre trazer novos talentos, sentimos que a demanda diminui um pouco, talvez até pela minha falta de tempo para me dedicar ao label, mas a cada dia estamos buscando novidades e muita coisa boa vem por ai. Costumo dizer que a LuvDisaster é um dos primeiros degraus de uma escada para um artista produtor, onde ele pode dar o pontapé inicial em sua carreira de uma forma profissional.
Em breve iremos lançar uma compilação mixada em comemoração aos 10 anos do selo, como já havia comentando anteriormente, mas ainda estamos em fase de produção e não posso liberar nomes e maiores detalhes, até para preservar a ideia da surpresa do projeto. Temos também agora o lançamento do segundo volume da compilação South America Beats comandada pelo DJ Marnel, artista talentoso e dedicado que já venho trabalhando há muitos anos, desde meu primeiro selo URBR em 2003, com produções de artistas da América do Sul incluindo diversos países. Temos também alguns singles e EPs que estarão em breve nas plataformas com artistas nacionais e internacionais. Um dos destaques que posso citar em primeira mão é do duo de produtores que assinam como Casey Jones, do Reino Unido, que está preparando um EP especial pra gente com faixas muito bacanas.


Drumnbass.com.br: E para finalizar, o que Oliver Ferrer gostaria de dizer ao público?

Oliver Ferrer: Gostaria imensamente de agradecer a todos fãs e amigos, que de alguma forma, direta ou indireta participaram deste projeto. Estou bem contente com o resultado do meu álbum, coisa rara de acontecer comigo, pois sou daqueles produtores que depois de poucas semanas da faixa estar pronta já começo a criticar o trabalho e querer sempre fazer algo melhor. Com o álbum foi bem diferente, quanto mais ouço mais gosto e espero que o público goste também. Sou um produtor que gosta muito de melodias e harmonias, então vocês podem sempre esperar de mim faixas na pegada do liquid funk, com muita musicalidade e o mais importante, o vocal, item indispensável em minhas produções, seja cantado exclusivamente pra mim ou utilizando samples, isso pra mim não muda nada, se o resultado final ficar bacana, é isso que mais importa. Um grande abraço e nos vemos em breve com mais novidades.

Confiram a mais esse grande lançamento e não deixem de adquirir nas lojas oficiais.

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Ouça as faixas.